terça-feira, 29 de março de 2011

FAÇA A COISA CERTA

Trabalhar com TAA é sempre um desafio para os profissionais que estão conduzindo o cão. O condutor tem a tarefa direta de fazer com que o cão responda positivamente aos comandos, que se mantenha focado na sessão e que seja equilibrado o suficiente para que, em ocasiões inusitadas e inesperadas, o animal não tenha uma reação indesejável.
Lembro de um fato inusitado, quando começamos a trabalhar no asilo Vivência Feliz, no Jabaquara. Lá, as sessões de TAA aconteciam em um grande pátio coberto. Um dia, ao entrarem no pátio, os cães começaram a cheirar o chão sem parar. Intrigadas, perguntamos a uma funcionária o que poderia estar acontecendo e descobrimos que naquela semana o local havia passado a ser usado como refeitório no almoço que o asilo oferecia aos mendigos. Como nosso trabalho de fisioterapia assistida começava às duas da tarde, a solução foi chegarmos um pouco antes para vistoriar a área e recolher os restos de comida, assim os cães não iriam correr o risco de se distrair com (nem de comer!) pedaços de pão no chão, ossinhos de frango, arroz e outras sobras. E assim contornamos a situação.
Mas o que fazer quando o cão de TAA está num dia especialmente agitado, querendo pular em todo mundo? Ou então muito disperso, ou só querendo ficar deitado naquele dia? Como sair de situações como essas?

Se o cão estiver agitado, pulando e desatento, NÃO FIQUE TENSO. Mais impróprio que não deixá-lo pular nas pessoas, é você agir de forma atabalhoada diante de todo mundo, preocupada, aflita, passando a impressão de que não está no comando do seu cão. Você não pode ficar mais ansioso que ele. Se você brigar ou gritar com o animal, estará provando que lhe falta equilíbrio suficiente para exercer a função de líder.

Se o cão está se mostrando ansioso, pare com tudo. Diga ao assistido e aos profissionais que estão com você que o seu cão precisa sair da sala por um momento. Ande com ele por alguns minutos, mostrando-se bem tranquilo e confiante. Caminhem devagar e vá falando em voz baixa com ele, elogie-o, mas não de forma alegre e festiva. Diga apenas “Muito bem” com voz firme e segura. Assim que ele se acalmar, volte e continue a sessão.
Não prepare somente uma atividade por sessão, tenha uma ou duas opções caso aquilo que você preparou não esteja dando certo

Se o cão estiver sonolento, preguiçoso, trate de aproveitar o pique dele logo no início da sessão, explorando primeiro os exercícios de correr, pegar bolinha, que exijam do animal mais energia, e deixe para o fim atividades em que ele possa ficar mais passivo, como ser escovado na fisioterapia de escovação e receber massagem com os pés dos assistidos.
Caso seja a primeira vez que o cão demonstre não querer trabalhar, preferindo, em vez disso, ficar deitado, não o force, pois ele pode estar indisposto. Use de criatividade nessa hora e tenha sempre, por exemplo, uma máquina fotográfica à mão para tirar fotos do assistido com o cão, leve revistas sobre cães com a raça do seu cachorro e de outros cães co-terapeutas, para que os assistidos possam recortar fotos das raças que eles conhecem, brinque de inventar histórias com os cães da revista, enfim, esteja sempre preparado para a emergência de ter de dar outro direcionamento à sessão. Se o rendimento fraco do cão for esporádico, não há problema nenhum em criar atividades que não o incluam.

Bem, é verdade que todo cão também tem lá seus dias de cão, no entanto, de forma geral, é importante que você esteja atento para perceber se um comportamento indesejável do cão durante uma sessão de TAA não pode apenas ser reflexo de um comportamento indesejável seu.



Morrer deve ser assim: por algum motivo estar-se tão cansado que só o sono da morte compensa. Morrer às vezes parece um egoísmo. Mas quem morre às vezes precisa muito.
Será que morrer é o último prazer terreno?(Clarice Lispector)

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